quarta-feira, 1 de julho de 2015

Alice










Neila Costa










Hoje, o sol amanheceu triste e as nuvens cinzentas e desamparadas… Juntos, Alice e o sol, formavam uma dupla daquelas, que quando amam alguém, externam o que sentem e extravasam o que sai do âmago da alma; Por isso, apressadamente, o sol encabulado, escondeu-se entre as nuvens e essas, num ímpeto, começaram a chorar; relâmpagos e trovões desaceleravam corações e gargalhavam por haver festa no céu.

De repente, ouviu-se uma voz, vinda da cozinha, a dizer que essas coisas de sentimento, já não existem mais, são banais, caiu de moda e que logo, logo, tudo o que eles sentiam, passaria.
Quem disse que tristeza é coisa que passa, assim, tão rápida! As banais talvez, mas existem outras, que podem durar uma eternidade, visto que, sua voracidade é tanta que se permite tatuar na alma a cruz que se carrega, para que dela, jamais se esqueça.

Entretanto, Alice suspirou e lembrou das suas saudades… e desabafou…dói saber que nunca mais vamos ter aquele alguém que tanto amávamos, ao nosso lado; dói lembrar seu sorriso, seu amor, seu carisma, suas doações sem preço! Dói, com a sua ausência, a solidão e os abusos dos dias monótonos, tediosos, quando de sua presença os dias eram raios de sol que se disseminavam vida afora

Hoje, para Alice, os dias tornaram-se uma fortaleza contra si mesma contudo, ela luta, luta, para sair dessas memórias que nunca a deixam em paz, que a tornaram refém das páginas do Word, em branco, vistas na tela do seu notebook, a espera de que se motive a teclá-las, para extravasar o que sente e que tanto interrompe a sua alegria…sabe-se que após extravasar, Alice relaxa e sai para respirar o “seu” mundo, la fora. Às vezes, quando chora, na verdade, é a tinta que escorre dos seus olhos que pintam alguns dos seus versos, versos que ficam impressos no pensamento de quem os lê; versos simples, repletos de amor e encharcados de saudades; versos que em sua maioria saem amargos, tão crus que ela pensa em modificá-los ou jogá-los ao lixo; outros, são tão doces, como o beijo de dois adolescentes apaixonados; ou como o afeto de uma criança que rir com o cair da folha de uma árvore; como o abraço forte e rejuvenescedor de duas almas, que não se viam ha anos!

Hoje, Alice parou para pensar e viu que tudo o que sentia vinha das lembranças do passado, algumas descartáveis, que poderiam ser lavadas com a esponja do tempo, mas,outras, não… recordações sem fim, que não se desgrudam, pensamentos adiposos que ao esfregá-los, ferem a alma; alias, Alice tem um baú de momentos assim, inexplicáveis, que ainda estão tão vivos, quanto os fantasmas dos seus dias. Esses, já não lhe fazem mais tanto medo, passam tanto tempo juntos que se tornaram amigos mas, ha momentos que brigam, pelo susto que um faz ao outro.

Hoje, ela amanheceu com uma vontade enorme de pôr a mochila nas costas e sair por esse mundo afora, para deixar em cada lugar que passasse, um pouco do que lhe faz pensar, mas que nunca lhe faz deixar de esquecer… Ela gostaria de destravar a melancolia e a solidão, as quais lhe tomaram por abrigo… Gostaria de acordar a esperança e alavancar a alegria…Gostaria, gostaria de nunca ter que dizer adeus, a quem quer que fosse! Gostaria que todos vivessem plenamente e para sempre se amassem e se respeitassem e que a morte, morresse, por algum motivo justo.

Hoje, ela, a solidão, mais uma vez, não a deixou em paz, lhe fez companhia o dia inteiro! Como sempre, muda e invisível, caminhando ao seu redor com seu velho sapato alto, marrom, só para chamar atenção, mas, Alice, não lhe deu a mínima!
Foi então, quando da inquietude das palavras, o inevitável aconteceu. Seu amigo sol, abriu-lhe um largo sorriso franco e piscou-lhe o olho. Com o cair da tarde, ela pensou duas vezes…amanhã pode ser um dia diferente, quem sabe, poderei escrever e delinear as frases com mais excelência de escolhas e as pautas estarão, com certeza, prenhas de esperanças para inspirar uma nova e contagiante história.




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