sábado, 28 de junho de 2014

Páginas úmidas


Neila Costa





O rosto no pó,
espelha o meu
tornado
em águas
e não só.

Dolorida,
ao léu, a carne
deambula
condoída.

Sigo pelas ruas,
continuadas,
pelos dias insossos
sem sol,
pelas frias madrugadas;

vivo
como lua encoberta,
embrulhada em manto
de nuvens,
à chuva de sobreaviso;

vivo
de improviso,
sem caça e sem riso,
sem me conter;

vivo
por tuas lembranças,
por tua alma cândida,
cristalina,
sossegada, 
rendida
aos campos infinitos
do céu;
  
vivo
como quem por dentro
vive do teu olhar que me lê,
nas paginas úmidas de saudade
de você.
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