segunda-feira, 17 de março de 2014

SANGRANDO - Neila Costa



Sangrando

Neila Costa

Sangram-me as palavras
Como sangra, do vagabundo,
A vida sem sentido...
Inferno nauseabundo.
Sangram-me as palavras
Como quem sangra
Do amor, a ternura;
Do lar, a quietude;
Da sensatez, a prudência;
Da paz, a serenidade;
Da injúria, a paciência.
Sangram-me as palavras
Como quem sangra
Da rua, a tranqüilidade;
Do céu, as estrelas;
Do dia, o sol
E da noite, a lua.
Sangram-me as palavras
Como sangra a sensibilidade
Diante do terror diversificado,
Como sangra tudo o que assola
A enraivecida humanidade.
Sangram-me mais além...
Como quem, na vida, sangra
A carne... e a alma de alguém.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...