quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Natal em branco







Neila Costa




Nesse salão de saudades 
Que, hoje em dia, é meu viver, 
Retoco minhas lembranças, 
Porque quando elas me invadem 
Só fazem lembrar você! 

Com voz presa na garganta, 
Faço-lhe agora uma prece... 
Mais um ano se passou, 
A dor não amenizou, 
Nem as lágrimas deixaram 
De minha face marcar. 

Quando fito sua imagem, 
Meu desejo é lhe abraçar, 
Sorriso foge da boca, 
Meu grito se perde no ar... 
E a grande dor da saudade 
Torna-se mais forte agora, 
Quando vejo em cada olhar 
Alegria e esperança, 
Pois é Natal... E lá fora 
Jorra luz em profusão 
E a minha realidade 
Machuca meu coração. 

Se estivesse a nosso lado 
Natal seria só festa, 
Do jeitinho que você 

Sempre gostou de fazer... 
Com a árvore enfeitada, 
Mesa farta em iguarias, 
Presépio... E ornamentada 
Toda casa ficaria... 

Já não está entre nós... 
E hoje é seu aniversário! 
- Tão perto está o Natal - 
Porém, o tempo, esse algoz, 
Ao invés das luzes da festa 
Deu-me as contas de um rosário 
E nele desfio as lágrimas 
Que pranteio sua ausência... 

Sem ter o seu aconchego, 
Mãe querida, nestes dias 
Que faço da minha vida, 
Dos anos que lá se vão? 
Das horas que esvoaçam 
Desse viver sem razão? 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Amor inaudito

 Neila Costa









Eu quero amar-te pacientemente,  
Como desejo-te por convicção.  
E pode parecer bem contundente  
Essa minha rápida confissão...  

Foi esse teu jeito, assim, tão carente  
Que despertou minha grande paixão.  
Quero doar-me a esse amor ardente,  
Vivê-lo com toda minha emoção!  

Agora sigo firme nessa estrada,  
Pelos caminhos desse amor bendito  
E não permitirei nessa empreitada,  

Que alguém venha mudar meu veredito:  
-Quero, por ti, pra sempre ser amada!  
O nosso amor será sempre inaudito! 

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Solidão


Neila Costa










Cá dentro de minh’alma, feito açoite,  
Corrói-me a voz crua da solidão.  
Ela se perpetua, dia e noite,  
Tal qual uma grande alucinação.  

Não sei por quanto tempo a ouvirei,  
Nem por quantos anos ainda virão...  
Porém, pouco tempo eu sei que terei,  
Pra suportar tamanha situação.  

Se o sol ao menos eu pudesse ver,  
Teria mais luz pelo meu caminho...  
Então, abrandaria o meu viver.  

Tudo acabará quando eu renascer...  
E o meu coração não estará sozinho!  
E é certo: de você hei de esquecer... 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Riso perdido -Neila Costa




Neila Costa









Num ápice,
Procuro e viso 
Um riso
Perdido,
Digno de dó.
Sua boca sedenta
De comer e beber;
Seu olhar ávido,
Estéril de lágrimas;
Seu corpo pávido,
Frágil,
Tão só,
Ao mundo rendido...
Meio pó,
Vencido,
Sem siso,
Calado...
Tragado pelas teias da vida...

Vagueando

Neila Costa






Neste mundo
Silente,
Sem afago,
Demente,
De medo
Aparente,
Caminho
Com olhar raso d’água...
Se dele
Ando ausente,
Enfastiada,
É porque divago
Em hora
Não vingada.
Como o agora,
As lágrimas
Que não apago,
Deságuam
Na correnteza
Da vida,
Em sentido vago…



Vinho do acaso

Assim caminha a humanidade


Neila Costa






Vestido em velho blue jeans,
O jovem-adulto pára no tempo
E se acha um James Dean,
Com sua jaqueta de couro...
Mas se esquece que na vida
Não passa de mero calouro,
Apenas um simples mortal.

Mesmo assim o ser humano
Dirige alcoolizado
E, tanto faz, se na semana
Ou durante o seu final!
E se quem atropelou
É humano ou animal.
Um tremendo tresloucado!

Gente assim
Vem se estendendo
Tal e qual bicho cupim!
Igualmente, os assaltantes
Com suas metralhadoras,
Bombas, facas e punhais,
Invadindo residências,
Ônibus, mercados e tais!


Gente, que coisa infernal!
Quando chega a policia, então...
É um Deus nos acode!
É um corre-corre,
É bala perdida que explode...
Só Ele pra nos livrar do mal.
E o bandido ainda tem a cara de pau
Pra dizer que é doente mental!
O malfeitor aterroriza a favela,
Usa crianças pra vender sua droga,
Estupra a donzela,
Mata o seu pai,
Faz a família passar vergonha...
A polícia o põe pra correr,
Ele disfarça... E da favela não sai!
Ainda acha que é fama
Aparecer nos jornais.

Menos para bem do que para mal,
São muitos os sinais...
Escravizada pela triste realidade
Vive hoje a sociedade
Sitiada por tantos desmandos...
“Assim caminha a humanidade”!

sábado, 21 de setembro de 2013

Ali onde nasci



Neila Costa








Vi nascer uma semente!
Em tê-la sempre sonhei,
Como a menina contente
Que em meus braços afaguei.

Tanta água... O rio encheu...
Que foi pouco o que ofertei
A Deus, pelo que me deu!
Pelo muito que eu ganhei!

Ali, onde plantei um grão,
Fartura me surpreendeu,
Como a flor do algodão
Que na fartura viveu.

Onde pensei não ter nada,
Tem de tudo e é tão bom!
A terra quando molhada
Dá a vida um novo tom.

Ali, onde eu nasci... Me criei,
Vida gira tão feliz!
E é lá, onde eu morrerei,
Sepultada à minha raiz.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Sal das minhas lagrimas




Neila Costa








No sal das minhas lágrimas, por tua partida,  
Vivo meus dias como se fosse morrer!  
A vida passa tão lentamente... sofrida...  
Tuas lembranças me fazem sobreviver!  

Quem me dera poder te ver, mais uma vez!  
Ver nos teus lábios a graça do teu sorriso, 
Ver no teu lânguido olhar, a calidez  
De um farol vigilante...que tanto preciso,  

Que ilumine minhas noites, constantemente...  
Hoje só tenho essa saudade dolorida,  
Que tomou conta de mim...com tua partida.  

Nada me restou a não ser, infelizmente,  
Angustia, solidão, adeus... a despedida,  
Sombras no caminho... E toda ilusão perdida! 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Celebração do amor



Neila Costa










Deixei a noite 
Suar seus orvalhos, 
As nuvens ofuscarem o brilho 
Das estrelas, 
Para adormecer no calor 
Do teu abraço no meu... 
Celebramos o amor, 
Entre beijos  
E o tilintar das taças 
Que dançavam  
Em nossas tremulas mãos... 
E o tempo,  
Esse que passou, 
Que a tudo assistiu, 
Observa calado, 
Surpreso e cúmplice, 
A nossa paixão, 
Que se acalma ao som de “adoro”... 
E do jantar, à luz de velas, 
Que fiz para te amar... 
E será assim, 
Pela eternidade...  
Enquanto teus olhos me buscarem, 
Tuas mãos me adivinharem, 
E o teu corpo se incendiar  
À idéia do meu.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Telepatia



Neila Costa






Não quero
O teu sorriso iluminado
Constrangido,
Encarcerado nessa boca
Louca,
Por medo da escuridão do céu
Da boca...

Não quero
A tua língua presa
Calando a voz,
Se a alma acesa,
Que de amor não fala,
É de animal feroz.

Não quero
Os teus beijos áridos
Nos meus lábios
Úmidos... Ávidos!
Nem a tua felicidade
Em recesso,
Vagando muda
Sem siso,
Pelos andaimes da vida.

Não quero...
Teus braços aos meus,
Omissos...
Quero que cheguem
De improviso,
Para que eu sinta,
Na terra, o paraíso.

Não quero
Teu olhar perdido
Na longitude do infinito,
Indeciso...
Quero-o no meu, impresso,
Conciso...

Não quero
Tua mente mergulhada
Na monotonia
Transparente
De um triste dia...
Quero-a com a minha,
Em telepatia!

Meu amor...
Quero-te sem passo indeciso.
Quero-te aqui, junto a mim,
No mesmo chão aonde piso!


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Folha solta




Neila Costa







Sou folha solta
Que ao vento flutua
Sou lua envolta
Na ventura de ser tua.
Sou teu amor
Que com a vida pactua
Sou a alegria
Que a lida lhe restitui
No esvair do tempo.
Sou a lembrança
Do dia que não volta
Sou a felicidade
Que na tua vida se solta.
Sou a segurança
Da tua escolta
Sou tua fé
O teu recurso.
Sou o refluxo
 Da tua maré
O influxo
Do teu dia-a-dia.
Sou tua sombra.
Sou o mar
Dos teus pensamentos
Quando embarcam...
Sou a terra
Que teus olhos avistam
Sou o percurso
Onde tuas mãos
Divagam.





domingo, 18 de agosto de 2013

Passado,não passa!


Neila Costa







Não se passa borracha no passado,
como se faz quando se erra ao escrever. 
Não se rasga o passado 
como se faz a uma folha de papel
que a gente amassa... e joga ao léu.
Não se descarta do passado 
algumas de suas páginas,
quando não se quer lembrar
determinados momentos.
Não se deleta o passado 
como se deleta um vírus
do computador.
Não se faz, do passado,
backup dos seus arquivos,
quando já não se pode apagar
a "tatuagem" que se quis desenhar.
Não se pode dar ao passado 
um ctrl/c e depois um ctrl/v
àquilo que se pensou realizar 
e desistimos.
O passado, simplesmente, fica lá, 
em sua morada,
a respirar ansiosamente.
Sentado em algum banco da memória,
a espera de que o botão da saudade 
seja, a qualquer hora, 
pressionado pelo coração.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Zíper da memória











 Neila Costa


Se o zíper da memoria
Se engancha,
Deixa à mostra recordações
Que me fazem derramar
O precioso e transparente
Liquido do olhar.
Lentamente
Corto do passado
O  cordão umbilical
Que ainda nos une...
Liberto a vida
Das fortes emoções,
Das sensações guardadas
No labirinto da memória.
Solto os  grilhões
Que ainda nos prendem
E fecho, sem magoas,
Com delicadeza,
A desbotada cortina
Da lembrança,
Sem me importar em limpar
As suas nódoas...
E consertar os seus estragos...

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Mossoró - Neila Costa







Neila Costa


Mossoró

Dos dias inesquecíveis da minha infância,

Dos jogos de amarelinhas e das queimadas,

Nas velhas mangueiras, as escaladas,

E o futebol pueril, com a vizinhança.



Mossoró

Das belezas da extensa praia do Tibau,

Suas jangadas, águas azuis e relaxantes,

Dos corpos estirados ao sol, exuberantes...

Namorados de mãos dadas ao cair da tarde...



Mossoró

Da típica e saborosa comida

Do camarão e do peixe frito na tapioca,

Da água de côco, do milho verde, da paçoca,

Da coalhada, do baião de dois e da peixada.



Mossoró

Dos extensos morros de areias coloridas,

Mundialmente conhecidas... e engarrafadas,

Formando paisagens manualmente trabalhadas.

Cidade das rendeiras e bordadeiras.



Mossoró

Da minha primeira lágrima, meu primeiro amor,

Do meu primeiro beijo na pracinha, no escuro,

Das ilusões juvenis, do devaneio mais puro...

Da vida adolescente que deixei para trás...



 Mossoró

Terra mãe, amada, que trago na memória,

E na alma a inspiração dos versos que faço agora...

No coração, meu amor por ti, desde outrora...

És e sempre serás o enredo da minha história.
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